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Juliana Craveiro

Análise da obra "The World is not a Desktop", de Mark Weiser


A obra feita por Mark Weiser aborda a visão dele, de 2006, sobre como devem ser as ferramentas do futuro e o que define uma boa ferramenta. Concordo com Weiser quando diz que a ideia de computadores para o futuro não é simplesmente vozes de computador, realidades virtuais ou tipos de inteligência artificial. Ao meu ver, os "maus exemplos" de tecnologia do futuro citados são, em sua maioria, ineficazes, já que não vejo um real propósito em sua criação se não tentar realizar fantasias vistas em contos de ficção científica. No entanto, o argumento do autor me chamou a atenção para um fator surpreendentemente relevante para o design: a "invisibilidade".


 

Weiser afirma que a ideia comum de computadores no futuro chama muita atenção para a ferramenta em si, sendo então um defeito. Já uma boa ferramenta, em sua teoria, deve permanecer invisível o suficiente para permitir que seu usuário usufrua dela e consiga completar seus afazeres. Isso me remete muito à função do designer, já que ele estaria responsável em criar e balancear o nível de atrativo com o nível de invisibilidade/praticidade do produto.


Seguindo com um exemplo do autor, ele critica as multimídias, como colocar funções de televisão em um computador, afirmando que isso serviria apenas para aumentar o atrativo do computador, tirando sua "invisibilidade". Nesse caso eu discordo de Weiser, não só por achar que a mistura de mídias pode ser benéfico, já que ao invés de fabricar uma TV e um computador, seria fabricado apenas o computador, mas também por crer que produtos têm que ter um certo nível de atrativo. Em design deve-se pensar não só na funcionalidade do produto, mas também como que ele chamaria atenção de seu consumidor em potencial. Em suma, se não houver atrativo, não há consumidor.


No decorrer do texto, o autor levanta um ponto que tenho pensado ocasionalmente desde que entrei para a faculdade de design:

"Magia é sobre psicologia e habilidade de vendedor, e, creio eu, um modelo perigoso para bom design e tecnologia produtiva. A prova está nos detalhes; a magia os ignora." (tradução nossa)

Basicamente sendo uma crítica a um método da confecção do design de algum produto, concordo que pensar somente nas vendas e como "manipular" psicologicamente os consumidores é algo perigoso. Ao meu ver, isso se dá por esse método não necessariamente trazer algo útil, um produto com foco em lucro.


Creio que de todos os exemplos e críticas levantadas por Mark Weiser nesse texto, a que "envelheceu pior" foi sua crítica à comandos de voz. Em 2006, pelo visto, não se tinha uma noção realista de suas utilidades, mas em 2021 pode-se ver nitidamente que ferramentas de comando de voz podem ser verdadeiramente úteis. Há quem use para tarefas comuns, mas ao meu ver a importância da tecnologia de comando de voz "brilha" quando se trata de acessibilidade, como pessoas de baixa visão pedindo assistência para utilizar aplicativos e pessoas com problemas de locomoção tendo suporte de assistentes como Alexa.


 

Em suma, ao mesmo tempo que Weiser tenha levantado bons pontos, é importante considerar que o futuro para alguém de 2006 é relativamente diferente de alguém de 2021. Algumas das ferramentas vistas como algo chamativo demais para serem "invisíveis" são comuns nos tempos atuais. E ao meu ver, isso se relaciona não só com o avanço tecnológico, mas também com a inovação providenciada pelo design, já que tiveram que ocorrer várias ideias, tentativas e erros e protótipos para se chegar nas TVs smart e nas Alexas e Siris.

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