O impacto que o uso dos cinco sentidos pode ter no design
A utilização dos cinco sentidos do ser humano é algo bastante recorrente no mundo do design. Por mais que não seja um assunto que tenha muito conhecimento sobre, pude pensar e pesquisar exemplos de como designers se aproveitam da visão, do paladar, da audição, do olfato e do tato do indivíduo para a criação de seu projeto.
Usando a visão, ou melhor, enganando-a
De filmes e séries a propagandas, vários objetos são trocados por réplicas idênticas. O motivo disso, em sua maioria, é a conveniência do objeto falso, como uma garrafa de vidro sendo substituída por uma garrafa de açúcar para não machucar os atores. Mas o que me chama a atenção dentre essas réplicas são os alimentos.
Do banquete extravagante ao aniversário de 5 anos do "fulano", tudo pode ser preenchido com réplicas de alimentos, o que é muito conveniente para os estúdios, já que não têm que lidar com comida estragada. Lisa Friedman, por exemplo, trabalha como uma artista de alimentos falsos, explicando em uma entrevista com o Insider como é o processo. Ao meu ver, o jeito que essas réplicas são feitas reflete muito em como o indivíduo vê o produto, já que o seu foco é iludir o telespectador de que a comida apresentada é real.
A antecipação do sabor
Ao pesquisar sobre a influência do paladar no design, vi alguns exemplos em que todos tinham um fator em comum: todos utilizavam da vontade de experimentar o sabor. Se aproveitando de outros sentidos, como o tato, o olfato e a visão, os designers conseguem deixar o indivíduo ansioso para provar a bebida ou o alimento.
Dos projetos que vi, o que mais me chamou a atenção foi o Juice Skin. Criado por Naoto Fukasawa, Juice Skin nada mais é do que caixas de suco com texturas idênticas às suas respectivas frutas. O foco, como citei previamente, seria de aumentar o desejo de sentir o sabor do indivíduo, tendo uma relação, mesmo que mais indireta, com o paladar.
Caixas de suco de kiwi feitas por Naoto Fukasawa ao lado da fruta em si.
Medo dos sons
Ao pensar em design de sons, a primeira coisa que me veio à mente foi o uso de músicas e efeitos sonoros em jogos de terror. Sempre achei interessante como a audição é capaz de influenciar as emoções do jogador, seja deixando ele tenso, alerta ou até mesmo calmo.
Um exemplo interessante de design de som é de uma franquia de jogos Five Nights at Freddy's (FNaF). Digo isso porque ele sempre utilizou o som como uma mecânica para ajudar, distrair e amedrontar o jogador, conseguindo entender melhor como essa tática funciona após ver o vídeo de Scruffy falando sobre o assunto.
"Ah, cheiro de..."
Uma coisa que faço desde pequena é identificar os diferentes cheiros em lojas de shopping. De um cheiro de sabão da Boticário ao cheiro de colônia das lojas de roupa masculinas, sempre percebi como cada loja tem seu cheiro próprio. E agora, pesquisando sobre a conexão entre o design e os cheiros, descobri que realmente há uma estratégia envolvida.
De acordo com um artigo de Air-Scent International™, uma loja deve pensar bem em seu cheiro baseado no seu público-alvo e no sentimento que querem que o cheiro passe, tendo que se preocupar também com sua singularidade para gerar curiosidade aos clientes. Vale ressaltar que, de acordo com o CEO da Air-Scent International, Arnold Zlotnik:
"Olfato é o mais fundamental dos cinco sentidos porque o cérebro responde à uma fragrância antes dos outros quatro reagirem. Outros detalhes têm seu papel em entregar uma experiência olfatória agradável ao consumidor, como: luzes, janelas, decorações, layouts e equipe de vendas, mas seus poderes são secundários aos do cheiro." (tradução nossa)
O toque e o aprendizado
Ficando um pouco mais nostálgica, o último sentido que tenho para falar sobre é o tato. Tive um pouco de dificuldade para pensar em algum exemplo até lembrar dos livros que eu tinha quando pequena: alguns deles mantinham o foco das crianças através da interação com o toque.
O melhor exemplo que consegui pensar é de um dos meus livros favoritos na infância: "A verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho", de Agnese Baruzzi. O que me fazia gostar tanto dele é o fato dele ter diversas interações no decorrer do livro. Seja abrindo um envelope para ler uma carta, movimentando nos personagens com alavancas de papel ou sentindo as diferentes texturas, eu conseguia mexer em muitas coisas enquanto lia, o que me fazia ter mais interesse em ler sua história.
Terminando a pesquisa sobre a influência dos cinco sentidos na criação de projetos de design, pude ver que de fato eles têm uma influência muito maior do que eu esperava inicialmente, o que me dá a oportunidade de cogitar técnicas relacionadas quando criando projetos futuros.
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